terça-feira, 20 de novembro de 2018

A Violência Contra a Juventude Negra No Brasil




"60% dos jovens de periferia sem antecedentes criminais já sofreram violência policial / A cada quatro pessoas mortas pela polícia, três são negras / Nas universidades brasileiras, apenas 2% dos alunos são negros / A cada quatro horas um jovem negro morre violentamente em São Paulo".



Assim começava a música Capitulo 4 Versículo 3, lançada há 21 anos pelo grupo paulistano Racionais MC's. A música transformou o grupo, formado por Mano Brown, Edi Rock, KL Jay e Ice Blue, a ser uma das maiores referência da música rap brasileira. 


O Grupo Racionais MC´s. A letra de 'Capítulo 4 Versículo 3' apresentava dados sobre violência e educação da população negra e dizia que, nos anos 1990, a juventude negra era a maior vítima da letalidade policial

Mais de duas décadas depois, o que será que mudou? 


No ano de 1997 essas eram as estatísticas, mas e na atualidade? 

A resposta chega rápido. Basta acompanhar os noticiários e podemos constatar. Estamos em 2018, e nada mudou, aliás, as estatísticas aumentaram.



Na mesma São Paulo da música dos Racionais, no ano em que o País registrou o recorde de homicídios, atingindo 62.517 mortes em 2016, a violência se abateu principalmente, e novamente, sobre negros e jovens, mantendo o histórico de vitimização concentrado em uma faixa etária e em uma cor, de acordo com o que mostra o Atlas da Violência 2018, estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A taxa de homicídios de negros (pretos e pardos) no Brasil foi de 40,2, enquanto a de não negros (brancos, amarelos e indígenas) ficou em 16 por 100 mil habitantes.



Os dados na maior cidade do país sempre foram alarmantes, em 2013 do Mapa da Violência, já era de 122.570 jovens negros assassinados entre 2002 e 2011. No mesmo período, 50 mil jovens brancos foram mortos. Movimentos sociais promoveram seminários educativos sobre o tema nas periferias de São Paulo. Em um vídeo da época, especialistas debatem sobre o tema.



No ano em que o Brasil registrou o recorde de homicídios, atingindo 62.517 mortes em 2016, a violência se abateu principalmente, e novamente, sobre negros e jovens, mantendo o histórico de vitimas concentrado em uma faixa etária e em uma cor de pele, de acordo com o que mostra o Atlas da Violência 2018, estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A taxa de homicídios de negros (pretos e pardos) no Brasil foi de 40,2, enquanto a de não negros (brancos, amarelos e indígenas) ficou em dezesseis por 100.000 habitantes.

A diferença, que cresceu no ano analisado em relação aos anos anteriores, faz com que, em alguns estados, negros convivam com taxas semelhantes às dos países mais violentos do mundo – enquanto a baixa quantidade de assassinatos de brancos é equivalente a de países desenvolvidos.

O Atlas está sendo divulgado nesta terça-feira 5, com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. As informações do SIM são consideradas as mais completas do país, mas não são as que têm a divulgação mais ágil: só em 2018 estão sendo divulgados os dados de 2016.

A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil. São 63 mortes por dia, que totalizam 23 mil vidas negras perdidas pela violência letal por ano

Além de se abater sobre negros, a violência também mira com recorrência os mais jovens. O Atlas mostra que, em 2016, 33,5 mil jovens foram assassinados, aumento de 7,4% em relação ao ano anterior; a alta interrompeu a pequena queda registrada em 2015 em relação a 2014 (-3,6%).

“Um dado emblemático que caracteriza bem a questão é a participação do homicídio como causa de mortalidade da juventude masculina (15 a 29 anos), que, em 2016, correspondeu a 50,3% do total de óbitos. Se considerarmos apenas os homens entre 15 e 19 anos, esse indicador atinge a incrível marca dos 56,5%”, destaca o relatório.

O Atlas mostra que em vinte estados houve alta na quantidade jovens assassinatos, com destaque negativo para o Acre (+84,8%) e o Amapá (+41,2%), seguidos pelos grupos do Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Roraima, que apresentaram crescimento em torno de 20%, e de Pernambuco, Pará, Tocantins e Rio Grande do Sul, com crescimento entre 15% e 17%.

Clique aqui para ver o Atlas da Violência 2018


Vídeo: Série mostra que negros ainda sofrem com a violência.



Então, entre os dados citados na música dos Racionais, o único que reflete avanços na inclusão social de negros é o que se refere ao acesso ao ensino superior.

Na letra, o rapper Primo Preto diz que "nas universidades brasileiras apenas 2% dos alunos são negros".

Segundo o IBGE, em 2015, o dado mais recente disponível, 30% das pessoas com nível superior completo eram pretas ou pardas (5.424.514 pessoas). Os brancos representam muito mais - 68% do total (ou 12.450.621).

O percentual de negros com nível superior quase dobrou entre 2005 e 2015, fruto da política de cotas implantadas em universidades públicas e programas de bolsas e financiamentos para estudantes pobres, como Prouni e Fies.

Sobra a inclusão de jovens negros nas universidades, assista a um vídeo do canal Pretinho Mais que Básico:




Mais notícias de: 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails